sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Pra não morrer de fome...

Pra não morrer de fome...


Esta historia se passa nos anos 70, nordeste do país, uma família de classe baixa e com inúmeros filhos... a caçula chama-se Maria...

Maria e seus muitos irmãos viviam com certa modéstia, o pai trabalhava, a mãe cuidava da prole, todos estudavam em um colégio tradicional, de freiras, em condições de bolsistas, em meio a muitas crianças abastadas de famílias ricas.

A escola ficava na mesma rua em que morava, mas iam de ônibus, da própria escola, que passava pontualmente em sua porta.

Em casa, a mãe ensinava, com zelo, como fazer economia e dizia:

_ desperdiçar comida é pecado, Deus castiga! Coma tudo pra não sobrar, por quem criança que não come tudo nas horas certas, morre de fome! Comam, comam!

Maria, como disse a caçula, tinha por sua mãe uma adoração suprema e, obedecia todos os seus ensinamentos.

Certo dia, ao irem para a escola, na correria comum de todo dia, Maria esquecei sua merenda bem em cima da mesa da cozinha. Todos levavam suas lancheiras com sua própria merenda, pois o colégio não dava alimentação, quem não levasse de casa teria que comprar na cantina.

A menina nem se deu conta, tamanha era a pressa por não perder o ônibus escolar...

O tempo na aula era lento de se passar, tinha aula de canto, de artes, de matemática e até de religião, foi exatamente nesta aula em que Maria lembrou da lancheira que esquecera. E agora, pensou ela, como vou fazer na hora da merenda, sem minha lancheira vou morrer de fome! E agora?????

Maria entristeceu...

Ficou o que para ela pareceu uma eternidade, pensando como solucionar este problema, afinal, não queria morrer de fome e entristecer sua mãe com tamanha desobediência, nem irritar seu cansado pai com tamanha irresponsabilidade. Coisa difícil de assimilar em uma cabeça tão jovem.

Depois de muito pensar e, de quase chorar, Maria virou-se para sua companheira e amiga de turma, Carolina, e disse:

- Carol, você precisa me ajudar, não posso morrer de fome aqui! Vamos fazer o seguinte: Digo que preciso ir ao banheiro e você vai comigo, enquanto você vigia a porta pra ninguém entrar, eu pulo pela janela e corro até o portão da escola, saio sem ser vista e vou até em casa buscar minha lancheira. Vai dar tudo certo, eu morro aqui pertinho, vou e volto rapidinho, como e não morro hoje!

Porém, o que parecia ser pertinho para Maria era, na verdade, uma extensa rua, cumprida mesmo, que se tornava curta pela velocidade em que o ônibus escolar a percorria. Mas, Maria e Carolina, decididas a por fim na aflição de crer que ela morreria de fome caso não merendasse, puseram o plano em ação.

Tento conseguido sair da escola, Maria danou-se a correr, correu, correu, correu que já não guentava mais, sua perninhas finas e pequenas estavam dormentes, o nervoso era tão grande que a pobre menina nem olhou para trás, nem tampouco percebeu que havia passado de sua casa de tanto que correra... teve que voltar uns 200 metros.

Mas quando se viu diante do portão de sua casa o susto gelou seu corpo todo!

Era que sua mãe estava na varanda conversando com o motorista do ônibus escolar, olhou pra trás e então, percebeu que bem na frente da casa estava parado o bendito ônibus da escola. A menina sentiu uma vertigem subir-lhe a cabeça! A mãe gritou:

_ Maria, sua moleca, onde você estava ta ficando doida? Como você foge da escola assim? Quer me matar de susto?

Ops!
 (pensou Maria)
Não meu Deus, já bastava eu morrer de fome, agora vou matar minha Mãe também? Papai vai me matar de cinto...

Por fim, a Mãe, Maria, o motorista e o ônibus, voltaram para a escola, mas a lancheira ficou lá mesmo, sob a mesa da cozinha. Maria chorou por todo o caminho, quando lá chegou, ainda chorava, mas conseguiu ver sua amiga Carol de costas, ajoelhada sobre o milho e rezando um terço enorme... Este, também foi seu castigo!

Ambas ficaram ali, chorando, rezando e sofrendo com o esmagar dos milhos embaixo de seus pequenos e frágeis joelhos, até o fim do dia, quando acabaram-se as aulas e todos se dirigiram ao ônibus para voltar a suas casa.

A noite, o pai chegou, soube do fato ocorrido e tascou-lhe uma surra de cinto, a segunda do dia, pois sua mãe já havia lhe dado umas chineladas ao chegar em casa.

Maria, triste, chorosa, dolorida e decepcionada tentava dormir, mas que nada, ela não conseguia entender o porquê havia sido castigada daquela maneira, afinal, só queria obedecer os ensinamentos de sua mãe, evitar tantas mortes...

Em sua batalha pela compreensão e aceitação do castigo, lembrou-se de uma coisa importantíssima: Não havia comido nada o dia inteiro!

Mas... (pensou) se eu nada comi, nem na escola, nem em casa (pois, parte do castigo foi ficar sem jantar) como eu ainda não morri?


Assim, paro aqui esta historia, sem finalizar mesmo, para que você que leu ou que ouviu os fatos, conclua como melhor lhe parecer ou ainda, como entender o que aconteceu a Maria depois deste dia... boa noite, Maria!

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